terça-feira, 10 de julho de 2012

O poema que Kant não escreveu


Se o tempo que precede
Sempre determina o que segue
Como se pode temer
Um futuro que se pode prever?

Não se trata de ler mão
Muito menos de visão
É por meio de ação
Que novas coisas virão

A mudança só ocorre
Para aquele que escolhe
Mudar a sua vida
De forma aguerrida.

Para haver uma mudança
É preciso permanência
Dái que a paciência
Não pode ser só esperança

Tem de ser com persistência
Pra descobrir a essência
Que em nós nunca vai mudar
E permite nos transformar

Só muda o modo de vive
Não a essência em você
Daí, manter-se em pé
Pra saber quem você é.

Quando desvenda-se o eu
Penetra-se dentro do seu
Coração que está fechado
Aguardando ser libertado.

No mutável, não há alteração
Só há certa determinação
Que entra em iniciação
Ou estão em paralisação

O paradoxo é relativo
pois não o é para a  razão
dum filosofo imperativo
Que o defendeu com emoção


sexta-feira, 6 de julho de 2012

Devaneios


Chego do trabalho cansado com aquela dor na perna. Esta dor me persegue já faz algum tempo, não creio ser nada demais, apesar do forte incomodo, pois nenhum médico diagnosticou o problema. Deito no sofá, bebo uma long neck gelada como se fosse um analgésico. Mas ela não cumpre bem seu papel, então, eu tento só fechar os olhos e apagar.
É quando tudo se movimenta. Enquanto a cortina range em parte com o chão e em outra com a janela, a lua brilha mais ardente e calorosa do que o sol. Esta claridade reluz por toda a sala numa espécie de câmara especial, que é favorecida pela falta de moveis que não ocupam a minha sala, de forma que ilumina a minha imaginação.
Entro em uma espécie de transe. Não sei se já dormi, nem se estou embriagado ou até mesmo destrambelhado. O que sei é que não quero sair deste nirvana onde eu entrei. Meu inconsciente tenta vigorar ,enquanto meu ego procura o controlar, de modo que não paro de vislumbrar loucuras em cada esquina da minha mente , antes, sempre vazia.
Primeiramente, penso em uma corrente amarrada em meu pé e mão prendendo-me rente ao chão. Estou em um lugar obscuro e negro, já não posso mais conter meu medo. Sinto um arrepio em minha nuca em intervalos irregulares, parecendo que há um animal feroz por trás de minha cabeça, embora, aparente fazer parte dela,tendo em vista que somente, em alguns momentos, ele se liberta e , logo, me dá calafrios. E o silencio?! O silencio me é peculiar, quase sempre não consigo escutar o som do silencio no meu dia-a-dia; isto me sucinta algo do tipo... alegria? É como se fosse magia, ou até mesmo bruxaria, porém o que me surpreende é o quão estou contente. Não de estar nesse lugar, mas porque nele posso pensar e sentir, sentir e pensar. Conscientizo-me. BUM! Descubro, portanto, meu inconsciente amarrado e impotente, mas sempre persistente. 
( Não sinto minha perna doer).
Eis o grande momento, liberto meu pensamento das correntes; enquanto meu ego para pra descansar, o cavalo inconsciente dispara sem parar. Vejo-me com meu tirânico chefe e irmão em um enterro; olho para o falecido, ele me lembra um grande amigo, fico entristecido, então , abraço ternamente o meu chefe-irmão; logo após isto, vamos para a prece. A comoção é geral, todos chorão com pesar. A voz gélida do padre         ecoa pelo recinto ressonando entre as pessoas como se estivessem a beira do abismo,como se o mar ao chocar-se com as pedras,  impusesse nossa presença dentro dele. Aflitivo. Concentro-me; observo durante a prece como aquele amigo assemelhava-se ao meu chefe-irmão. É então que percebo a distorção. BUM! Descubro , portanto, meu ego acordado, censurando o que não deveria ser censurado, talvez, só controlado.
 ( Não sinto minha perna doer).
Saio do cemitério, e me encontro num belo jardim, ensolarado, cercado de mulheres bonitas e que ... flertam comigo! A minha esquerda, uma ruiva, com o charme de uma sexy simbol que toda ruiva tem. A minha direita, uma morena, com sua sensualidade e belas curvas. A minha frente, vejo uma loira, de forma encantadora; ela sorri com o sorriso mais lindo que já vi. Porém, sinto algo estranho. Decido olhar para o sul. Percebo que lá está minha ex-mulher, a mulher de minha vida, que me trocou pelo “cara da contabilidade”, e , como se não bastasse, ela está com ele. Olho mais de perto, reparo que eles estão brigando, ela está triste e corre para os meus braços; envolvo-a em mim; sinto seu cheiro; respiro seu sorriso; relembro-me de seu beijo; prometo dar-lhe o mundo e corrigir meus erros. Entretanto, começo a criticar. Percebo no olhar dela uma lasca de ressentimento e vingança, dispenso minha esperança; deduzo que serei usado, jamais poderia ter seu amor, pois sou extremamente inferior, um pobre inspetor destituído de pudor, que vive escondido cercado de pavor.Racionalizo.BUM! Descubro, portanto, meu superego criticando o meu ego, enquanto eu me desespero.
 (Ainda Não sinto minha perna doer)
Meu despertador toca. Sinto uma sensação de dor no peito que desce para o estomago, além do mais, minha perna doi como nunca, quase não consigo levantar. Levanto e derrubo algumas long necks espalhadas pelo chão. Não consigo me lembrar de nada da noite anterior, no entanto, sinto uma náusea misturada com um aperto no peito inexplicável. Penso se poderia ter sido algum problema ou preocupação,talvez,algum aviso. Dou um sorriso...decido que é só a bebida fazendo efeito por dentro do meu peito. Queria poder saber o que se passa em uma mente em meio a torrente de pensamento que dizem ocorrer durante o sono.
Vejo o amanhecer do dia, ponho-me em partida, para mais uma jornada sem saída, com esta perna encardida como se ela sofresse uma mordida em cada segundo de minha vida.

quinta-feira, 5 de julho de 2012

O Amor não existe...?!





Cante, escreva, cochiche ou grite...
Não, ele não existe
Discorde, reclame, implore e chore...
Não, ele não existe

Se você quiser tentar se questiona :
Como pode o amor ser uma mentira ?
Faz-me ter que explicar, embora,
Talvez, eu só consiga provocar

É a culpada da química
Que me induziu a criticar.
Vou trabalhar com um exemplo
Para clarear este momento

Como a água não é só um elemento,
Como o amor não é só um sentimento
Não há existência pura
Há somente uma mistura

E o que se poderia compilar
Para o maior sentimento formar?
Tal qual na formula do H2O
É Amizade, carinho ,respeito só.

sexta-feira, 29 de junho de 2012

O que você vê?



É uma foto.
É uma representação de um copo com água.
Um copo de vidro. Vidro que , provavelmente, foi coletado e produzido por muitos humanos; encontrado em material bruto, modelado e altamente polido; este desenvolvimento propiciado por máquinas construídas por outros humanos ,a custos de anos de melhoramentos; máquinas estas manejadas por outros diferentes humanos que não sequer conheciam os criadores; quesá os donos das máquinas que eles trabalham para fazer esse copo de vidro e, também, afim de sustentar outros humanos que dependem daquele salário para estudar, comer e fingir ser feliz, ou talvez não fingir, só viver e ser feliz...além do mais, possivelmente, como numa instância genética, seguir o mesmo rumo dos progenitores e trabalhar na mesma fábrica; fábrica esta que pode ser a de extração para exportação ou de produção. O vidro pode quebrar, ou não, não nessa foto.
Um copo de água. O composto químico mais abundante no planeta e nos humanos. Água provavelmente de uma fonte doce; coletada, filtrada e encanada; distribuída de uma sede à outra para chegar a cada imóvel. Esta água que ,certamente, não é inteiramente pura, em todo seu procedimento até chegar no copo, contaminou-se com minerais, sujeiras e bactérias; bactérias estas que podem gerar doenças, ou não. Graves, ou não. Fatais ou não. A água pode se esgotar, ou não, não nessa foto.
Um copo de Ar. Ar formado por um mistura de elementos; talvez, não tão puro quanto deveria, provavelmente, poluído pelos carros, indústrias e demais espécies de frutos humanos que se utilizam da queima de combustíveis fosseis; Ar este que pode gerar problemas respiratórios, ou não, dependendo da sua exposição; Ar que se espalha de forma abundante em todo a camada do planeta, concentrado em níveis diferentes de elementos e proporções dependendo da camada em que se encontra. O ar pode faltar, ou não, não nessa foto.
Uma sombra. Esta provavelmente proveniente da iluminação por uma lampada; esta lampada que talvez tenha sido instilada ,exclusivamente, para esta foto.A sombra pode desaparecer,ou não, não nessa foto.

O que você vê?
Revela mais sobre você
do que a imagem pretende fazer!
Basta responder sem tentar se esconder
Será que deu pra ver?!?

terça-feira, 19 de junho de 2012

Bebendo e Zuando

É necessário para realizar esse jogo:  um baralho completo,excetuando a utilização dos curingas, muita bebida ,copos de dose e muita disposição. Vale ressaltar que esse é um dos melhores jogos pra quem quer beber e aproveitar com os amigos.Seguem as regras : todos devem se sentar em roda, o primeiro retira uma carta e confere quais poderes ela lhe confere,podendo ser utilizada na hora ou guardada como trunfo, o jogo segue em sentido horário.
Cada carta corresponde as seguintes especialidades:

 Ás- você escolhe uma pessoa para beber uma dose
2- você escolhe uma pessoa pra beber duas doses ou duas pessoas pra beber uma dose cada
3- você escolhe uma pessoa pra beber três doses ou três pessoas pra beber uma dose cada
4-Banheiro- você terá o direito de ir ao banheiro unicamente se tiver essa carta
5-Regra- você cria uma regra para o jogo. Ex: no final de toda frase falar algo como "no meu cuzinho", quem esquecer de falar, bebe
6-Dedinho- você coloca seu dedo sobre a mesa o ultima a colocar bebe
7- Seven heaven-você levanta as mãos, o ultimo bebe
8- Continência, você bate continência, o ultimo bebe
9- Pergunta- você escolhe alguém para fazer uma pergunta,esta pessoa só pode te responder com outra pergunta relacionada a sua e vice-versa, quem nao conseguir bebe
10-Sacanagem- quem tira essa carta pode escolher alguém para fazer uma sacanagem,seja do tipo sexual, seja do tipo de zuar a pessoa, fica a critério dos participantes.
J-Homens bebem
Q- Mulheres bebem
K- Todos bebem


quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

cultura sexual, tradição patriarcal e práticas sexuais no Rio de Janeiro.

A cultura sexual no Brasil contemporâneo é bastante marcada pelo seu passado cultural,apesar de mostrar algumas mudanças sociais. A tradição patriarcal, desde o tempo de Casa-Grande e Senzala, institui o homem, como símbolo de poder e dominação. Uma sociedade marcada por dicotomias como senhor versus escravo, nobreza portuguesa versus burguesia brasileira, não se diferenciava no campo sexual, gerando a dicotomia de homem versus mulher. Aquele representava, aliás, tinha o dever de representar, o domínio e vigor. Assim, desde o inicio de sua puberdade, o jovem menino ,filho do senhor, habituava-se a praticar sexo com as escravas como forma de reforçar seu suposto poder. Ao contrário disso, a mulher era extremamente presa e protegida com relação a sua sexualidade. As jovens não saiam desacompanhadas e tinham hábitos que mantinham seu recato e pureza “a salvo”.  Esta estrutura social tornou-se intrínseca ao pensamento brasileiro com relação a suas práticas sexuais.
 Atualmente, os homens logram nas academias de ginástica sua hipertrofia muscular a fim de que demonstrem seu vigor , sua masculinidade; quando saem em busca de diversão transformam os breves relacionamentos amorosos em uma forma de reafirmar-se ,quantificando, então, o valor de uma relação sexual, como mostra o texto “Geografia da night” de Maria Isabel Mendes de Almeida e Kátia M. de almeida. Já as mulheres,por sua vez, embarcam em programas de estética e cirurgias plásticas, com uma justificativa de aumentar sua auto-estima, como se fizessem para elas , sem objetivar ,estritamente, mudar seu corpo aos olhos da sociedade; entretanto pode-se dizer que ,na verdade,  buscam aceitação, rejuvelhecimento, (mesmo que a priori não se admita) no logro de adequar-se ao padrão de beleza para que ,desta maneirra, agradem aos homens e ,mormente, a opinião pública, como mostra o texto “ No universo da beleza: notas de campo sobre a cirurgia plástica no Rio de Janeiro” de Alexander Edmonds.
Assim , notadamente, no Estado do Rio de Janeiro, o corpo adquiriu um valor diferenciado, tornando-se uma insígnia, uma grife, um prêmio, citando o texto “ A Civilização das Formas: O Corpo como valor” de Mirian Goldenberg, que demonstra como o corpo transcendeu a forma física ganhando uma valoração símbolica nas relações sociais e sexuais, tendo em vista que funciona como um fator repressor ou glorificador. Além do mais, a figura da forma do corpo adquirindo valor é ,também, trabalhado no texto “Corpos, prazeres e paixões: a cultura sexual no Brasil contemporâneo” de Richard Parker, quando fala-se da nomeclatura em que se costuma utilizar para denominar o orgãos sexuais masculino, representando imponencia, e orgãos sexuais femininos, representando fragilidade, trazendo a tona, a  ideia de que mantem-se muito presente a repressão da tradição patriarcal no inconsciente social em que , apesar de todas as conquistas sociais alcançadas pelas mulheres, há uma moralidade sexual dualista que oferece ao homem uma liberdade sexual,quase que sem restrição, enquanto que para a mulher há uma drástica limitação incorporada,implicita na raiz da cultura sexual brasileira,e,principalmente, carioca, que remete-nos aos “anos dourados”, décadas de 50,60,70 do século XX, uma época que era explicito a estima atribuida ao papel social da “moça de família”, e que,hoje, mantem-se implicitamente nas práticas sexuais.
Portanto,pode-se concluir que: a cultura sexual brasileira permanece ligada a estrutura dicotomica dos tempos em que tinha-se uma sociedade patriarcal, empíricamente observado, nas práticas sexuais cariocas,notadamente, em suas academias de ginástica,clinicas de estética,salas de cirurgias e “nights”.