segunda-feira, 16 de maio de 2011

"Parábula'' do leãozinho e do domador



Contam que em um reino bem distante havia um circo.Este era o maior de seu local e servia para promover o bem-estar e a felicidade para a população do tão distante reino.
O circo tinha um domador que se encarregava de tomar todas as atitudes mais difíceis da casa de espetáculos, inclusive a de criar e domar leões. Passavam por suas mãos os mais ferozes,arrogantes,malandros ‘’reis da selva’’ que ele podia encontrar. Contudo,sempre muito diligente e competente os adestrava tornando-os ,supostamente, dóceis e bons.Como o fazia? Era simples,tirava deles o que mais gostavam : sua liberdade!  Prendia-os em pequenas jaulas escuras e isoladas quando não cumpriam seus afazeres,chicoteava-os,tirava deles a chance do lazer.Porém,apesar de tais atendados, sempre foi considerado um homem bom,tendo em vista que transformava o comportamento dos leões.
Eis que nasce um leãozinho estupendo,imaginativo e desordeiro.Ele andava por todo o arredor do circo gerando confusão,assustava as galinhas,abria a gaiola dos pássaros,derrubava as rações dos animais,e cantava:

”A imaginação é amiga da razão que é inimiga da emoção? Oh! Que bela confusão. Como um poderia ser salvação e o outro vilão?”

Era muito querido por todos ,embora fosse um bagunceiro.Entretanto,tinha um que não se cativava com ele:o domador.Este vivia irritado,pois o leãozinho ficava reprovado em todas as suas provas e testes para a apresentação no show do circo e quando sofria  as punições e castigos educativos não sentia remorso por ser um mau leão, só se tornava mais desordeiro.
É quando o domador decide puni-lo de forma mais severa.O isola totalmente em uma espécie de solitária.
O leãozinho recebe a visita de outros três leões que lhe dão conselhos.O  primeiro que já foi feroz um dia diz:

-  Ah como eu era ingênuo como você.Tu não vês que deve ser esperto,torna-te prudente como eu e evitarás a cada dia os castigos e punições.

O segundo ,o arrogante, ouviu o primeiro e interpelou:

-  AH leãozinho você tem de fazer que nem eu,somente sigo o mestre por não ter mais alegria de viver,deixei  o ressentimento me dominar e não luto mais por liberdade,assim evito os castigos. 

O leãozinho curioso para escutar a opinião do terceiro leão perguntou:


- E você não tem nenhum conselho pra me dar?

O terceiro leão,o ex-malandro, saiu de um canto escuro próximo  da jaula e  balbuceia:

-Nada posso falar senão há de me castigar.... o domador que só faz em mim gerar dor.....digo-te: o medo é o remédio, com ele me escondo e não causo problemas.

O leãozinho ficou intrigado,afinal,como poderiam uns que tem potencial enorme se tornarem tão medíocres?! E elaborava um plano para sair de tal situação.
Enquanto isso no outro lado do reino o domador pensava lá com seus botões:

- O que há de errado com esse leão?Sempre procurei lhes fazer o melhor,como poderiam eles sem minhas punições e castigos tornarem-se melhores,capazes de conviver em sociedade de forma obediente?...Ah se não fossem meus ensinamentos!Que ingrato!

... Passam-se 10 anos....

O leãozinho cresceu e desenvolveu em todos esses anos a capacidade de fingir! Dissuadia tão bem que se tornara o mais belo e treinado leão do circo! Quando estava perto do domardor agia com a maior cautela e servidão que podia encontrar,ao passo que nas suas costas tentava reencontrar aquele leão da infância brincalhão e zombeteiro.Embora não conseguisse mais ser o mesmo,pois para se adaptar a realidade do seu ‘’mestre’’ perdeu na jornada da vida oportunidades criativas de se  desenvolver,uma vez que tinha medo de poder estar ferindo alguma lei ou regra.Era ótimo porque fingia o ser e não porque de fato o era.As punições inibiram seu crescimento real.
O domador já não tinha mais o vigor e disposição de outrora.Porém,como seu método era infalível não haveria problemas, todos em sua presença eram resignados e seguiam seu padrão.Ele conquistara o que tanto buscou : todos  estavam educados para o bem,nem um disvirtuava de seus ensinamentos.O domador era reconhecido e renomado por seu estilo de professor.
Até que ele decide apresentar ao mundo a sua mais bela obra.O leãozinho desordeiro que ele transformara em um formidável gatinho de estimação por ser carinhoso aos seus olhos e ,mormente,ser complacente.
Eis que decide fazer este último show.Avisa à todos,Lotará seu circo como nunca foi visto antes! E o mais inesperado!Deixará sem grades a distância entre o público e o palco para que provem de seu domínio....

...Chega o grande dia!Tudo preparado tanto pelo domador quanto pelo leãozinho.Começa o show. todos estavam espantados, com medo de estarem em risco pela proximidade com feras selvagens.Contudo, ao longo do show, não se mostram mais calmos do que bichinhos de estimação...Até que chega a grande apresentação.O domador teme não ter mais forças para executa-la mas sabe que seus leões jamais lhe fariam mal.
Então começa...o leãozinho corre,pula sobre arcos de fogos,se exibe, e,então,para, não corre mais ,voa para seu último obstáculo,onde se encontra o domador ao lado de uma cadera em que o leãozinho deveria sentar-se e ser erguido pelo domador, como uma prova de força e obediência de um e de outro....Pula e senta magistralmente.O domador tenta ergue-lo e não consegue, caem os dois no chão.....silêncio na platéia....o leãozinho cai com sua enorme bocarra em cima da cabeça do domador..e não desperdiça a chance,e fala :” toda má semente que é plantada ,seja num bom ou mal solo, por um bom jardineiro só produzirá maus frutos e péssimas colheitas’’ ,o ataca em seu momento mais vulnerável,este momento o qual ele aguardara todos esses anos.Momento de vingança,redenção,seja lá o que for,incentivou os outros leões ao mesmo e eles atacam a todos da platéia que tinham a mínima similiaridade com o antigo domador.Resultado de tal espetáculo de horror foram inúmeras mortes e o fim do circo, acabando com a fonte de bem-estar e felicidade da  sociedade, de tal modo que as pessoas ficaram sobre constante perigo de ataques e tristezas desmedidas.
Moral da Estória: Um bom homem ao  tentar ensinar a um mal ou bom homem por meio de instrumentos ruins como o castigo e a punição tem como efeito que os aprendizes desenvolvem a prudência,o medo,o ressentimento e a vingança para com o bom homem e não absorvem o conhecimento que objetivara se passar.

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