quarta-feira, 22 de junho de 2011

Pedra da Gávea

Era manhã.Dificil levantar,quando a pesada armadura é o nosso esqueleto.No entanto,não somente fui contrário as minhas ordens físicas como também as da Rainha.E parti ao desafio;a grande estranha busca por adrenalina,endorfina os entorpecentes naturais e legais que logram os seres humanos presos socialmente e dependentes de seus instintos e vontades.

Na selva de pedra congestionada,passei,como Tarzan de cipó de ferro à cipó de ferro entre as árvores robustas,rústicas,até o final do automotor enlatado.Décadas e anos-luz percorridos,a angustia da vitória cega a noção de tempo e espaço,chega-se a casa do gigante.Pergunta-se a forma por qual pretendia derrotá-lo?É simples e lógico.O impávido colosso vive dormindo,logo devemos morrer acordado.Morrer de Medo.Este sentimento é a semente, que no solo e clima certos, faz florescer um jardim de qualidade: rosas coragem, tulipas disposição e orquídeas prudência.Blém Blém.

Então,prossegui, os primeiros quarenta minutos trinta segundos e dois centésimos até a parada inicial requeriam a compreensão física de um besouro.Este ser diminuto,no meio da beleza infinita da floresta,transpõem obstáculos a cada momento e carrega quantidades exorbitantes além de seu peso.Blém Blém.

Atentar-se a água.A substância mais importante do homérico trajeto,a qual será sempre mais apreciada depois desta épica empreitada em que nem três litros e meio satisfazer-te-ão.As reações químicas que a menor molécula de h²o produz durante o percurso supera qualquer sensação de sinestesia anteriormente alcançado.Há,além disso, a espontânea interação entre três pedras fundamentais da essência humana.Blém Blém.

Toda nossa musculatura enrijece,depois arritmia cardíaca e aumento da pressão sanguínea,e ,por último,eliminação exacerbada pelas glândulas sudoríparas e hormônios,muitos hormônios.Tal descrição similar só encontrada na volúpia sexual.Este borbulhar de sensações combinado com a orgia dinâmica  da '' Viva Atlântica'' no rastejar de cobras e lagartos, no flutuar de borboletas e beija-flor,no nectar suave das flores,no ruído do mar ao longe, inviabiliza a chance de não refletir e não unificar estes três pilares: corpo,natureza e mente.Blém Blém.

Passado as navegações no tempo,encontra-se de fronte ao rosto do colossal de pedra,assim,afim de que termine-se a jornada no seu cume,em cima de sua assustadora testa,é preciso atravessar o seu quimérico pescoço,''suba-me ou te devoro'' parecia dizer a chamada ''Carrasqueira''.O carrasco de vários guerreiros que sucumbiram as forças do enigmático monólito.Blém Blém.

A ''Heroitificação'' ocorre.A lama em minhas mãos,mistura de suor e terra,tornam-se uma cola mais poderosa que a do homem-aranha e escalo como  um alpinista que sofre de acrofobia.A técnica e experiência que faltam-me desaparecem na necessidade de concluir a odisseia.Terminada a subida tenho a impressão de brevidade tal qual a vida é.
 Nas proximidades do topo,quando já estou  a poucos metros, a honra brilha em meus olhos e a gloria resplandece em meu sorriso......Estou em cima...pisando na testa de uma combinação de pequeninos farelos solidificados de areia.Tateio todos os contraste e fantasias da '' Cidade Maravilhosa''.Porém,não me sinto ''The king of the world''.Percebo a roda da vida e degusto a escravidão na qual todos os seres vivos estão acorrentados.Entendo o som ''Blém Blém'' que ouvira ao longo da caminhada,eram o tintilar das algemas chocando-se ao passo que eu crescia e chegava ao ápice;daí...de súbito...proclamasse a agonia de não saber até quando permanecerei no auge e quando voltarei para o ínfimo da roda viva novamente.Apesar disso,sinto-me feliz como uma criança que inventa seu próprio jogo para poder ganhar dos adultos,quando  derrubo meus limites e vejo que posso sempre galgar o apogeu da existência por mais complexo que seja o pedregoso caminho.

Um comentário: